Saiba mais sobre a qualidade do AZEITE

O azeite é um suco, esclusivamente obtido por expressão da azeitona por processos de compressão mecânica. Como produto natural, a sua composição reflecte as particularidades que lhe são conferidas por cada variedade de azeitona, pelo seu estado de maturação, pelas condições edafoclimáticas e sanitárias do olival, pelos cuidados e descuidos nas operações de colheita, pelo processo e condições de expressão, pelos cuidados na conservação e pelo envelhecimento. Assim, independentemente das preferências e do gosto de cada consumidor, os azeites para consumo alimentar devem satisfazer parâmetros de análise química, física e sensorial que aferem a sua qualidade e pureza e que lhes definem categorias, de menção obrigatória (Decreto 12/2010, Diário da República, 1.ª série, 24 de Junho de 2010). Não obstante as três categorias legalmente definidas, "Azeite virgem extra", "Azeite virgem" e "Azeite", trataremos apenas as duas primeiras, por a última integrar produtos de qualidade inferior, incluindo misturas com azeite refinado sujeito a processos químicos e físicos para correcção de defeitos.

Principais indicadores físico-químicos da qualidade dos azeites

Valores de referência Azeite Virgem Extra Azeite Virgem
Grau de acidez≤ 0,8 ≤ 2,0
Índice de peróxido ≤ 20 ≤ 20
K232 ≤ 2,5 ≤ 2,6
K270 ≤ 0,22 ≤ 0,25
Delta K ≤ 0,01 ≤ 0,01
Teor de ésteres etílicos (FAEE) ≤ 30 mg/Kg---
Ceras ≤ 150 mg/Kg ≤ 150 mg/Kg
Estigmastadienos ≤ 0,05 mg/Kg ≤ 0,05 mg/Kg

Para além dos parâmetros físico-químicos, a qualificação dos azeites é também condicionada pelas características sensoriais, em particular pela obrigatoriedade de obterem, numa escala de 0 a 10, nota superior a 0 na apreciação (em painel de provadores qualificados) da sensação frutada - não fosse o azeite um suco de frutos... Além disso, aqueles que merecem a classificação de Azeite Virgem Extra não podem exibir qualquer defeito sensorial (notas de ranço, de tulha, de mofo, acéticas, metálicas, etc.).

Características organolépticas na definição da qualidade dos azeites

Valores de referência Azeite Virgem Extra Azeite Virgem
Mediana do frutado> 0> 0
Mediana dos defeitos = 0≤ 3,5

Cumpridas as especificações físico-químicas e os atributos sensoriais mínimos, outros parâmetros podem ser considerados e aferidos, ou detalhando a composição ou os atributos sensoriais positivos, distinguindo os azeites de acordo com potenciais preferências dos consumidores. As sensações picante e amarga (que não devem ser confundidas com acidez), cada uma delas aferida numa escala de 0 a 10, contribuem, também, para a complexidade gustativa, sendo favorecidos, entre os especialistas, os azeites com nota total de sensações positivas (frutado + picante + amargo) superior a 6. A cor, não deixando de relevar para aceitação pelo consumidor, não é característica determinante da qualidade dos azeites.

Denominações de origem Protegida (DOP)

Portugal tem reconhecidas sete Denominações de Origem Protegida: “DOP Alentejo Interior”, “DOP Beira Interior - Azeite da Beira Alta" & "DOP Beira Interior - Azeite da Beira Baixa ”, “DOP Moura”, “DOP Norte Alentejano”, “DOP Ribatejo”, “DOP Trás-os-Montes”.

Porém, a excelência dos azeites de Portugal não se esgota nos azeites DOP. A diversidade e a especificidade dos cultivars e dos terroir oleícolas acrescentam outros que pontuam entre os melhores azeites do mundo. São exemplos, os associados a pequenos territórios com mesoclimas particulares, como os "Azeites de Montanha", ou alguns esmerados e exclusivos lotes de Azeites de Quinta.